Macarthismo

A motivação para este pequeno resumo vem dos atuais acontecimentos no Brasil. É preciso deixar claro, no entanto, que a História não é uma simples repetição de fatos, como num ciclo infindável, mas consegue nos auxiliar nas interpretações de práticas e comportamentos sociais.

Quando me refiro aos acontecimentos brasileiros, falo, em especial, de casos de intolerância que beiram à neurose de outras – sombrias – épocas. São eventos como a agressão sofrida pelo arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, por uma mulher que, segundo algumas fontes, o taxou de “comunista infiltrado na Igreja”, juntamente com a CNBB1; como o do menino ameaçado porque vestia uma camisa vermelha imitando a bandeira da Suíça (sic)2; ou da mãe que teve negada uma consulta pediátrica ao seu filho por uma médica pelo suposto fato de pertencer ao PT3.

Esses casos tiveram repercussão na imprensa (e eu tomei bastante cuidado em não usar como fontes apenas sites mais “partidarizados”, buscando evidências em portais de grande mídia, igualmente partidarizados, mas, em geral, em oposição ao evento contado), mas, certamente, outros têm acontecido no Brasil graças à polarização que tomou conta do cenário político nacional.

**

Durante a década de 1950, após o final da Segunda Guerra Mundial, portanto, inaugurou-se nos EUA uma histeria anticomunista que tinha no Senador Joseph McCarthy seu principal ator. Eram tempos de luta pela hegemonia mundial num mundo dividido ideologicamente entre os dois polos vencedores da guerra: EUA e URSS.

Assim, naquele período, uma série de medidas foi tomada no país da América do Norte com o objetivo de eliminar um pretenso “perigo vermelho”. Ainda em 1950, por exemplo, todos aqueles que simpatizassem com o comunismo precisariam se registrar. Outra ação foi a criação do “Comitê de Atividades Antiamericanas”, cujo objetivo era procurar, julgar e condenar qualquer pessoa que se alinhasse de forma mais progressiva frente à politica estadunidense.

O cenário foi de clara intervenção nas liberdades políticas e individuais de várias pessoas, dentre elas personalidades do cinema, cientistas e ativistas políticos, muitos deles sem qualquer envolvimento com ideias ditas de Esquerda.

CITAÇÕES E REFERêNCIAS

1“Dom Odilo é agredido em missa que marca início da celebração da Páscoa” http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/03/dom-odilo-e-agredido-em-missa-que-marca-inicio-da-celebracao-da-pascoa.html Acessado em 25 mar. 2016
“Vídeo do “Jornalistas Livres” que mostra a agressão a Dom Odilio”
https://www.youtube.com/watch?v=8BW95yMv0I0 Acessado em 25 mar. 2016
1“Não aceitamos que partidos se aproveitem para dar golpe, diz bispo” http://www.jb.com.br/pais/noticias/2016/03/21/nao-aceitamos-que-partidos-se-aproveitem-para-dar-golpe-diz-bispo/ Acessado em 25 mar. 2016
2“Polarização cria 'bullying político' em escolas”
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160322_salasocial_polarizacao_criancas_if Acessado em 25 mar. 2016
3“Ex-secretária de Estado do RS diz que pediatra recusou atendimento por motivos políticos” http://extra.globo.com/noticias/brasil/ex-secretaria-de-estado-do-rs-diz-que-pediatra-recusou-atendimento-por-motivos-politicos-18949292.html Acessado em 25 mar. 2016


ALGUMAS QUESTÕES SOBRE O TEMA

1- (FGV-SP) Podemos definir o macarthismo como:

A) Uma dura campanha de investigações dirigida por parlamentares norte-americanos, voltada a quem fosse considerado suspeito de subversão ou colaboração com os países comunistas.
B) Uma campanha antissemita que se estabeleceu nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial e que investigava as vinculações entre os judeus e os dirigentes soviéticos.
C) Uma campanha de investigações que se voltou contra sindicalistas, intelectuais e cientistas e poupou os artistas de Hollywood, os diretores de cinema e os escritores norte-americanos.
D) Uma campanha publicitária que procurava enaltecer o senador Joseph McCarthy, candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos da América e que era profundamente anticomunista.
E) Uma política de aproximação entre os EUA e a União Soviética liderada, na década de 1940, pelo socialista Joseph McCarthy, em virtude da necessidade de derrotar o nazifascismo.


2- Leia o trecho abaixo:

“[...] telefonou-me um comissário da polícia federal; segundo ordem que recebera, avisava-me que eu devia aguardar convocação para comparecer, em Washington, perante a Comissão de Atividades Antiamericanas. Éramos dezenove notificados. […] passei telegrama aos convocadores, acentuando que tinha em suspenso uma vasta empresa, com prejuízos sensíveis […]. Contudo – concluí –, como declaração prévia, posso desde logo adiantar que não sou comunista, nem jamais me inscrevi em qualquer partido ou organização política, sendo apenas o que se chama 'um pacifista'. Espero que isso não chocará (sic) a Comissão.
Atenciosamente, Charles Chaplin.”
CHAPLIN, Charles. Minha Vida. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.

A investigação de pessoas envolvidas com “atividades antiamericanas” atingiu diversos setores da sociedade estadunidense durante a década de 1950, inclusive os grupos artísticos de Hollywood. No contexto da Guerra Fria, essas investigações e perseguições deflagradas pelo macarthismo associavam o antiamericanismo ao:

A) fascismo.
B) nazismo.
C) nacionalismo.
D) comunismo.
E) liberalismo

GABARITO:
1- A // 2- D
(nível: fácil)

Os anúncios publicados no site são gerados automaticamente pelo Google AdSense não sendo, necessariamente, sugeridos pelo autor.