Afinal, o que é Fascismo?

Num cenário de petralhas, coxinhas, fascistas e democratas, podemos nos perder nos conceitos. Parte da História deve ser preocupar com a criação de conceitos. Em todo o tempo histórico, vários termos foram criados e explicitados. Não temos, por exemplo, muita dificuldade em informar que "democracia" é um governo do povo, onde a vontade da maioria, em tese, prevalece sobre a da minoria. Mas e os outros?

“Petralha” é um termo comum que une petista (cidadão que tem no Partido dos Trabalhadores, o PT, seu aporte ideológico) e Irmãos Metralha, grupo fictício que, no desenho DuckTales, tenta assaltar o cofre do Tio Patinhas, um dos principais personagens da série. Da junção dos dois nasceu “petralha”, certamente criado por alguém contrário ao governo do PT no Brasil.

Desvendar o porquê da adoção do termo “Coxinha” àqueles que fazem oposição ao governo atual não é tarefa muito simples. Já perguntei a um monte de gente e ninguém – até aqueles que se utilizam do termo – sabe direito o motivo do uso. Achei, navegando pela internet, este link que, talvez, clareie nossas ideias: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2012/04/1078798-tipicamente-paulistana-giria-coxinha-tem-origem-controversa.shtml

No entanto, minha ideia com este texto é didática. O termo “fascista” tem sido usado de forma repetitiva nos últimos dias. Muitas das vezes sem cuidado algum. O que tenho visto é que existe gente apontando o outro como fascista quando isso não é verdade. Será que todo mundo sabe o que significa exatamente o termo?

É à História que recorremos para tentar responde a questão.

Os regimes fascistas que assolaram a Europa foram a resposta política para a crise ocasionada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Também foram movimentos de revanche às punições estabelecidas pelos vencedores aos perdedores daquele conflito. Esses regimes são igualmente conhecidos como regimes totalitários. Veja:

Totalitarismo vem de “todo”, “total” e prega uma inversão na lógica liberal burguesa pautada no Iluminismo do século XVIII. Nesse sistema, o Estado é o mais importante – os indivíduos não teriam direitos, mas sim deveres com o Estado. Nada deveria existir acima, fora ou contra o Estado. Uma grande diferença para a democracia atual, onde é possível até processar o Estado.

Os totalitarismos também negam o liberalismo porque afirmam ser essa corrente econômica a responsável pela crise do capitalismo na década de 1920. O líder é visto como o portador da “vontade da nação”, ou seja, existe um culto ao líder e uma negação aos três poderes (executivo legislativo e judiciário).

Outras características importantes que precisamos ter em mente sobre os regimes totalitários fascistas são:

Nacionalismo: Noção de que “o meu país é superior”. A nação seria a mais alta forma de sociedade.

Romantismo: O presente é ruim, vergonhoso e desacreditado. É necessário, pois, voltar aos áureos tempos de glória do passado.

Violência: Noção contrária à democracia porque negam a diversidade, o debate, o contraditório etc. Para desenvolver o Estado, alegam ser necessário recorrer à violência. A própria 2ª Guerra Mundial foi, mais à frente, vista como um conflito regenerador.

Inimigos: Criar inimigos era fundamental para legitimar o regime.

O filósofo Leandro KONDER lançou já há algum tempo o livro “Introdução ao Fascismo”. Aconselho fortemente a leitura. Suas ideias iniciais no livro me ajudaram a finalizar este texto. Já no primeiro capítulo KONDER pergunta: “O que é o fascismo?” E responde dizendo que, mesmo que tenha repulsa por ele, não pode deixar de considerá-lo “um dos fenômenos políticos mais significativos do século XX”.

Mais à frente, volta a nos ensinar que “nem todo movimento reacionário é fascista. Nem toda repressão – por mais feroz que seja – exercida em nome da conservação de privilégios de classe ou casta é fascista. O conceito de fascismo não se deixa reduzir, por outro lado, aos conceitos de ditadura ou de autoritarismo”. Em resumo, são coisas distintas e assunto para outra publicação.


REFERÊNCIA

KONDER, Leandro. Introdução ao fascismo. 2 ed. São Paulo: Expressão Popular, 2009.



Os anúncios publicados no site são gerados automaticamente pelo Google AdSense não sendo, necessariamente, sugeridos pelo autor.