Aos meus caros amigos formandos

O 16 de dezembro foi de grande emoção. Foi dia e noite de formatura do “terceirão” 2010, grupo de alunos-amigos por quem vou à briga a qualquer hora. Algumas palavras que não tive oportunidade de dizer pessoalmente precisam ser conhecidas.

Em primeiro lugar, agradeço imensamente a todos pelas palavras que me dedicaram durante a cerimônia. É reconfortante saber que consegui conquistar amigos em seis meses. É, ao mesmo tempo, um alívio, já que o desafio foi grande e inesperado, e é preciso mencioná-lo.


Adentrar e conquistar uma turma que há anos caminha junta em seus estudos é desafiador. Naquela primeira sexta-feira de contato, lembrei-me de tudo o que tinha, durante anos, estudado e debatido na Faculdade e nos cursos por que passei para poder chegar até ali. Eu visualizava apenas rostos de pessoas que podiam muito bem me ignorar de forma que o trabalho pretendido e preparado fosse por terra. Eu via pessoas que podiam, simplesmente, se negar a me ouvir ou, ainda, se negar a dar créditos aos meus ensinamentos. Tudo isso passou pela minha cabeça na quinta-feira anterior. Substituir pessoas – principalmente pessoas queridas – não era, definitivamente, a melhor forma de começar no Colégio Nossa Senhora das Graças.


Ontem toda essa angústia deu lugar à emoção e a algumas lágrimas que eu segurei aqui, no canto dos olhos, para que não caíssem. Toda a pretensa sensação de rejeição foi transformada em força que dissipei em cada abraço generoso que me propus a dar em alguns formandos.

Sempre me preocupei em não apenas “ensinar ou repassar” conteúdos. Entendo a sala de aula como espaço crítico de socialização de ideias, conteúdos e experiências de vida. Acredito, ainda, que a formação escolar ultrapassa as portas das salas de aula e acontece também durante o recreio, as brincadeiras na sala de informática, durante a saída ou, ainda, durante os encontros para simples diversão ou estudo. Somos humanos e crescemos com as relações humanas, estou convencido.

Procurei ser amigo e companheiro; em último lugar alguém que pretensamente sabe mais que os outros ou que está lá na frente, em lugar de destaque, para ensinar algo. Não! Sobre minha pessoa nunca recairá o manto do ranço acadêmico e do egocentrismo que, infelizmente, ainda atinge alguns de minha classe.

Com essas palavras quero deixar meus sinceros sentimentos de felicidade, de amor, de reconhecimento pelos inúmeros talentos que vocês têm e, sobretudo, minha admiração pela tolerância que vocês praticaram durante esses seis meses.

Reconheço-os como amigos e tenho a péssima mania de recordar dos meus, de forma humana, demasiadamente humana, mas sempre em pensamentos bons acompanhados de solidariedade.

Vocês tiveram anos de muito boa formação, acreditem, em um ambiente que é único pela gentileza, pela caridade, pela simpatia, pela generosidade e, principalmente, pelos sorrisos que distribui. Levem isso para a vida, sem hipocrisia ou demagogia. Daqui a alguns anos vocês vão se reconhecer cidadãos do mundo e criadores do novo mundo... possivelmente o mundo de nossos sonhos íntimos.

Contem comigo para a caminhada, desde que o caminho seja o do bem e aquele que possuir os maiores sentimentos, como dizia Caio Fernando Abreu.

Muito boa sorte sempre.

Do amigo,
Rogério.


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