#Ocupação

Acompanha a greve dos profissionais de educação do Rio de Janeiro um movimento de alunos que já toma conta de mais de trinta escolas (e o número cresce rapidamente a cada hora). Apoiados no recente movimento dos estudantes de São Paulo, que usaram as ocupações para parar a reorganização escolar naquele estado – movimento vitorioso –, a pauta dos estudantes daqui prevê, entre outras medidas, o retorno de funcionários essenciais, como porteiros e pessoal de limpeza além de melhores condições estruturais, sobretudo em escolas que a própria Secretaria de Educação reconhece sem condições de uso.

O que tem surpreendido ainda mais é a organização dos alunos nas ocupações. Obviamente que um movimento que a cada dia fica maior demanda muita estratégia e disciplina. Os alunos demonstram nos atos um preparo que muita gente duvidaria que pudesse existir. Se forem acompanhadas in loco, as escolas revelarão a existência de comissões com funções diversificadas; grupos de alunos que se dividem na manutenção do prédio, na realização de inventários, na alimentação e na organização pedagógica de aulões.

Mais do que o movimento em si, no entanto, esses alunos mostram a necessidade já latente da mudança do paradigma pedagógico escolar. A organização de eventos, oficinas e aulas abertas, mostra que a hierarquia escolar impositiva precisa ser repensada para o bem da escola transformadora que se sonha.

Nas ocupações não são raros os momentos de debates e decisões coletivas que dão o norte das atividades. Aulas de dança, capoeira, História, Língua Portuguesa, além da exibição de filmes que geram debates, são constantes. Não há, até o momento, nenhum caso ou relato de fracasso nessa vivência mais coletiva.

Talvez as ocupações sejam a prova de que é preciso dar mais voz, sem medo de perder o protagonismo, àqueles que formam a escola em imensa maioria: os discentes. Dificilmente esses alunos se conformarão com os tradicionalismos escolares característicos de regimes de acumulação de conteúdo sem lógica ou ligação com a vivência de cada um.

Nessa eterna e maravilhosa troca que é o verdadeiro conhecimento, essa é a hora de invertermos os papeis e deixar que aqueles que são diretamente interessados no processo escolar decidam como e porque aprendem.

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[Agência Brasil] Após um dia de ocupação, escola do Rio tem aulões e atividades

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