Eleições nos EUA: como funciona?

Nos tempos da Guerra Fria, a bipolaridade do mundo apresentava do lado socialista a “igualdade sem liberdade”, enquanto do lado capitalista “a liberdade com o mérito”. Construiu-se, assim, o mito da terra da liberdade e da prosperidade ao país da América do Norte. Nessa freeland, presumia-se um sistema de escolha de liderança livre e direto. Não é bem assim que acontece.



As eleições nos EUA ocorrerão no próximo mês de Novembro. No entanto, o amplo - e muitas vezes complexo aos nossos olhos – processo eleitoral já começou há bastante tempo. É o que por lá chamam de prévias. São elas que decidem quais serão os candidatos dos dois principais partidos políticos do país: o Republicano e o Democrata.

Antes de discutirmos sobre como funciona o sistema eleitoral, precisamos entender que mesmo só ouvindo e vendo informações sobre candidatos democratas e/ou republicanos, o país tem sim mais partidos políticos. São ínfimos, sem expressão, o que faz com que a grande maioria dos cargos eletivos dos EUA sejam ocupados pelos dois maiorais. No entanto, a lista de agremiações legalmente constituídas por lá é longa. Existem, por exemplo, partidos focados na questão ambiental, como o Partido Verde; partidos operários e trabalhistas, como o Partido Socialista dos Trabalhadores da América, o Partido Socialista dos Estados Unidos além do Partido dos Trabalhadores Socialistas, entre outros que defendem causas e bandeiras específicas. Todos com a ressalva de atuação ideológica num país que é, em essência, liberal.

Para se ter uma ideia da multiplicidade de propostas e candidatos ao cargo máximo do país, na campanha que elegeu o atual Presidente Barack Obama, 417 solicitações formais de candidatura de pessoas, ligadas ou não a um partido (diferentemente da legislação eleitoral brasileira, que impede que um candidato sem partido político concorra a algum cargo eletivo, nos EUA é possível que isso aconteça) foram recebidas para o pleito presidencial no ano de 2012.

E por que, então, só ouvimos falar de dois partidos? Em primeiro lugar, porque são os maiores e porque conseguem gigantescos financiamentos para suas campanhas. Adiante, porque lá existe um sistema de voto distrital, ou seja, o país é dividido e cada estado elege um sujeito que virá a ser candidato. Então, se um camarada tem poucos votos, fica inviável concorrer, o que de certa forma faz o eleitorado pensar nas grandes alternativas que figuram, justamente, entre republicanos e democratas.

Sabendo disso, não basta pegar seu título de eleitor e ir à cabine de votação (isso se você quiser ir também porque lá, o voto é facultativo). A eleição presidencial soa para nós como uma eleição indireta, ou seja, você não iria fazer um “X” ou digitar o número do seu candidato diretamente na urna eletrônica (que não existe também; os caras usam uma espécie de scanner e uns furinhos legais, que garantem a apuração rápida, mas mantém a prova física da votação). Iria eleger alguém para elegê-lo. Assim:

Seu voto elegeria não o candidato, mas sim um Delegado do Colégio Eleitoral (o Electoral College). São esses caras que vão ratificar o nome do próximo Presidente. Agora, se já estava complexo, tem outra: os votos de cada estado não são proporcionais, ou seja, geralmente aquele que vence, leva todos os votos. Isso por lá é chamado de The Winner Takes It All (ou o “vencedor leva tudo”). Parece jogo de pôquer, mas é eleição.

Ocorreria mais ou menos assim:

Digamos que no estado do Alabama, por exemplo, o candidato “José” fique com 55% dos votos válidos, enquanto “João”, 40%. Isso indicaria a vitória de José com todos os Delegados do estado. Não há uma divisão proporcional. Isso aconteceu em 2000, quando da eleição de George W. Bush, que derrotou Al Gore no Colégio Eleitoral mesmo sem ter a soma absoluta de votos. Até hoje, em suas palestras, Al Gore se apresenta como “futuro Ex-presidente dos EUA”.

Geralmente os estados apresentam perfis de votação que garantem uma previsão de votos. Ou seja, existem estados que são declaradamente mais conservadores e, por isso, optam por candidatos do Partido Republicano, sendo o contrário também verdadeiro. No entanto, também existem estados que pendem para os dois lados, e são nesses locais onde a campanha se acirra e, muitas vezes, fica engraçada.

Em geral, o corpo a corpo não difere muito daquele que acontece por aqui a cada dois anos. O financiamento privado de campanha despeja muito dinheiro nos candidatos que debatem em redes de TV de grande audiência quase sempre se preocupando em agredir verbalmente o outro do que em apresentar propostas sérias e plausíveis ao país.

Muitos sites brasileiros fazem uma cobertura minuto a minuto da campanha para a sucessão de Obama, em 2016. A eleição nos EUA representa a subida ao cargo político mais importante do mundo devido à hegemonia econômica e militar daquele país. Os olhos do mundo se voltam pra lá porque a partir das ações políticas tomadas lá o mundo pode prosperar ou padecer.

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