"Cuba: entre o socialismo e o mercado"

RT @marinaserta


Como sabemos, a queda do Muro de Berlim foi apenas o marco simbólico da “derrocada do socialismo real” no leste europeu. Muito antes que os estilhaços de concreto fossem ao chão, a potência soviética já padecia com o burocratismo e a corrupção do Estado, além das denúncias de expurgos e execuções da era Stálin.

Com o fim da URSS, dezenas de países que constituíam sua área de influência sofreram perdas ideológicas e, sobretudo, financeiras. O “ouro de Moscou” havia secado e, agora, era cada um por si.


Um país que muito sofreu com a extinção da antiga URSS foi, sem dúvida alguma, Cuba. A pequena ilha que até hoje resiste de alguma maneira à investida brutal do capitalismo, deixou de ser satélite soviético no continente americano e precisou sobreviver com um bloqueio econômico imposto pelos EUA há décadas.

Mas, o que faz Cuba a todo momento virar centro das atenções?

Cuba é motivo certo de discussão. Há os que criticam a “ditadura” dos irmãos Castro veementemente e outros que defendem as conquistas humanitárias adquiridas graças à prioridade que o Estado tem com os sistemas de saúde e educação, por exemplo.

O objetivo, no entanto, não é discutir falta ou excesso de democracia no país. Limitaremos o debate às mudanças anunciadas por Raúl Castro na ocasião da subida ao cargo de “Comandante da Revolução”, em 2006.

È evidente que não há modelos prontos para o marcha rumo ao socialismo e nem mesmo os países que propagam aos quatro cantos do mundo seus objetivos para alcançar uma sociedade mais igualitária, andam na mesma direção. Cuba é caso a parte. Desde a Revolução Cubana, que excluiu do poder um ditador com estreitos laços com os EUA, o país reafirma sua condição de busca pelo socialismo. Suas intenções, no entanto, não são apreciadas pelas potências capitalistas do mundo globalizado.

O embargo econômico que vigora até os dias de hoje, pune os cubanos como se fosse crime ter acesso aos melhores médicos e hospitais de forma gratuita. Pune-os como se fosse uma transgressão sem tamanho freqüentar um ensino amplo e de qualidade para todas as classes, sem distinção.

Sem dinheiro, indústrias ou sistemas que possam explorar o petróleo existente (há rumores da descoberta de jazidas na ilha), o governo não tem outra saída a não ser a adoção de práticas tipicamente capitalistas no país. O que não se pode criminalizar! Basta lembrarmos que na URSS de Lênin, práticas tipicamente capitalistas foram adotadas para que a indústria do país pudesse se recuperar e avançar ao socialismo. Era proferida a famosa máxima do “um passo atrás, para avançar dois passos à frente”.

Prever o futuro da ilha com essas práticas não é função de historiadores, cientistas políticos e/ou economistas. Resta-nos indagar se os cubanos estariam dispostos a trocar todos os benefícios sociais conquistados durante décadas pelas “facilidades” capitalistas. O historiador cubano Ariel Dacal dá-nos a resposta: “Em Cuba não se discute o retorno ao capitalismo”. “A população não deseja que o futuro da ilha seja o presente de Honduras e Guatemala”. “A criação social anticapitalista tem muitas outras opções e caminhos”.

ALGUNS LINKS IMPORTANTES:

Outras palavras: Cuba debate seu futuro
The Independent: Médicos cubanos no Haiti deixam o mundo envergonhado (em inglês)
Fausto Wolf: Fidel já morreu? (excelente texto!)

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