1968

Tendo em vista a realização de nosso próprio Simulado discursivo em meados de abril, tentarei, com o texto que segue, clarear um pouco as dúvidas que pairam sobre o emblemático ano de 1968.

Para as Ciências Humanas, 1968 é um ano-chave. É justamente nessa época que ocorrem uma série de manifestações artísticas, culturais e de movimentos em busca de justiça social ou em protestos contra políticas internacionais, guerras e preconceitos contra minorias sociais. Vejamos com mais detalhes alguns desses acontecimentos:

Em primeiro lugar é necessário termos em mente que a década de 1960 é ainda palco da Guerra Fria, ou seja, o mundo, bipolarizado, continua sendo cenário da disputa entre URSS e seu modelo socialista, e os EUA com sua economia capitalista. Essa frenética disputa não chegou as vias de fato1 entre os dois países, mas provocou sérias tensões entre outras nações que se alinhavam de um lado e se contrapunham a outro. Um exemplo? A Guerra do Vietnã, onde a parte sul do país - também conhecida como República do Vietnã, apoiada pelos EUA – entrou em choque com a parte norte, a república Democrática do Vietnã sob influência da URSS. A guerra gerou um saldo de, aproximadamente, 3 ou 4 milhões de mortos de ambos os lados.

A grande cobertura midiática sobre a guerra impulsionou milhares de pessoas a protestos em todo o mundo. Nesses protestos, existia a exigência para o que os EUA saíssem da guerra, o que aconteceu anos mais tarde.

A grande movimentação de 1968 não se restringiu, no entanto, a protestos contra a guerra no Vietnã. Existia também um enorme inconformismo quanto à política racial aflorada em boa parte do mundo; protestos estudantis, que colocaram em lados opostos estudantes e a polícia em violentas batalhas; além de movimentos de mulheres, trazendo a bandeira do feminismo à cena militante. No Brasil, em pleno regime militar, estudantes saíram às ruas para se opor aos militares e exigir melhores condições na educação do país.

O escritor brasileiro Zuenir Ventura costuma referir-se ao ano de 1968 como “o ano que não terminou”. Fato é que fim o ano teve, mas suas lições e exemplos de luta permanecem durante décadas e são constantemente lembrados.


1 Vias de Fato é uma briga em si, o contato entre os corpos, sem lesão. Art. 21 da Lei de Contravenções Penais, Decreto-Lei nº 3.688/41. Lesões Corporais são lesões à integridade corporal ou à saúde de outrem. Grosso modo, quando causa machucado - lesão, Art. 129, Código Penal. Com a Lei 9.099/95, houve uma situação curiosa, as lesões leves e lesões culposas passaram a depender de representação - art. 88. As vias de fato, que, em tese, são menos ofensivas, continuaram a ser de ação penal pública incondicionada. Diversos doutrinadores criticaram isso, tendo em vista que um crime mais grave - lesões corporais - exigiu mera representação e uma contravenção - infração menos grave - há o obrigatoriedade da ação. (Fórum Jus Navigandi. Direito Penal. Disponível em http://forum.jus.uol.com.br/131591/o-que-e-vias-de-fato/ Acesso em 18 mar 2011).


REFERÊNCIAS


FOLHA.COM. Ano de 1968 foi marcado pela revolta estudantil no mundo. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/podcasts/ult10065u396518.shtml. Acesso em 18 de mar 2011.

G1. Entenda os protestos de 1968. Disponível em http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL464249-15530,00-ENTENDA+OS+PROTESTOS+DE.html. Acesso em 18 mar 2011.

VENTURA, Zuenir. 1968 - o ano que não terminou. Por ele mesmo. Disponível em http://literal.terra.com.br/zuenir_ventura/por_ele_mesmo/livros/04_1968.shtml?porelemesmo. Acesso em 18 mar 2011.

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