Trabalho de Sociologia para o 2º ano do CNSG
Esse trabalho vale 80 pontos e será somado aos 20 pontos da pasta.
Entrega: 17 de junho
Pessoal:
A ideia é compreender o contexto histórico e social da obra de Thomas Morus. Para isso, peço que leiam a análise da professora Rosineide Guilherme da Silva, publicada abaixo, e respondam a seguinte questão:
Utopia hoje. Ainda podemos ter esperança em um mundo mais igualitário, solidário e humano, ou o civilização moderna, cada vez mais influenciada pela globalização, faz nossas utopias desaparecerem?
Essa tarefa deve ser feita individualmente e com a formatação padrão para a entrega dos trabalhos. Dispenso, no entanto, as duas capas e a conclusão, já que o texto todo será uma "conclusão". Não esqueçam de mencionar a bibliografia se utilizarem.
A Utopia - Thomas Morus
A utopia, do século XVI até os dias de hoje
Profa. M. A . Rosineide Guilherme da Silva
Disponível em: http://www.eduquenet.net/morus.htm Acesso em 26 mai 2011)
A Utopia é uma concepção teórica de um estado perfeito onde se viveria em plena liberdade religiosa. Assim, para Morus, a sociedade de Utopia é a reação ideal à sociedade inglesa de seu tempo; é a cidade de Deus que ele contrapõe a cidade terrestre.
1-A utopia no século XVI
Para comentar a utopia no século XVI é necessário considerar as idéias de Thomas Morus. Este pensador de origem inglesa foi um dos melhores representantes das ideologias humanistas que surgiram naquele período. Para Morus a sociedade ideal se assemelha à sociedade apresentada por Platão em: A República. Segundo alguns críticos, foi pensando naquele modelo de vida que Morus publicou, em 1516, uma obra de ficção que constitui uma verdadeira crítica social, política e religiosa à sua época, que era a Inglaterra dominada pelo rei Henrique VIII.
Nesta obra: A Utopia, Morus nos apresenta uma ilha imaginária onde todos vivem em harmonia e trabalham em favor do bem comum. Desde então o termo “utopia” está associado à fantasia, sonho, fortuna e bem estar, que são aspectos formadores do ambiente utópico onde se desenvolveu a sociedade utopiana, no país chamado Utopia ou Ilha da Utopia que era dominada pelo rei Utopus: “Os habitantes da Utopia aplicam aqui o princípio da posse comum. Para abolir a idéia da propriedade individual e absoluta, trocam de casa a cada dez anos e tiram a sorte da que lhes deve caber na partilha.” (MORUS, 1516, p. 81)
Esta sociedade idealizada por Morus representa um antagonismo em relação à sociedade feudal do tempo em que vivia o autor: A Utopia de Thomas Morus se organiza a partir de um relato fictício feito a Morus pelo culto viajante Raphael Hitlodeu que teria participado da expedição de Américo Vespúcio. Em viagens, Rafael conhecera a fantástica Utopia, cuja descrição, nos remete a uma ilha paradisíaca, um lugar perfeito.
A fictícia Ilha da Utopia, no livro de Thomas Morus, é fruto de uma imagem criada a partir de histórias contadas sobre a exuberância da América, por reais desbravadores do continente americano quando do retorno destes à Europa.
A Utopia é uma concepção teórica de um estado perfeito onde se viveria em plena liberdade religiosa. Assim, para Morus, a sociedade de Utopia é a reação ideal à sociedade inglesa de seu tempo; é a cidade de Deus que ele contrapõe a cidade terrestre.
As idéias de Morus demonstram que ele visava libertar os homens para o trabalho. Ao invés de lavradores sem emprego a correr as estradas, ele queria trabalho para todos; e ao invés de parasitas vivendo à custa de ricos, ele queria todos trabalhando. Deste modo esperava ele encurtar as horas de trabalho, dando a todos o dia de seis horas.
Com tais idéias Morus se aproxima dos modernos socialistas, embora o seu enfoque não seja, exatamente, em direção ao futuro; o seu ideal traduzia o ideal medieval, comum a toda a teoria política do Ocidente. Afinal, desde São Tomás de Aquino que a comunidade cristã consiste de classes diferenciadas que exercem harmonicamente funções próprias, todas necessárias ao bem comum. Essa é a sociedade ideal da Utopia de Thomas Morus.
A Utopia de Morus é uma obra que apesar de ter sido pensada no mundo do período renascentista, apresenta questões bem atuais, anseios de acomodação e resolução de problemas que ainda hoje são vividos pelas sociedades da América Latina, África, Ásia e Terceiro Mundo em geral. A ausência da miséria, do desemprego, das taxas altas e a valorização do trabalhador são algumas das principais metas que já naqueles tempos se procurava, se desejava alcançar e que perduram ainda hoje sem que sejam concretizadas:
“Eis o que invencivelmente me persuade que o único meio de distribuir os bens com igualdade e justiça, e de fazer a felicidade do gênero humano, é a abolição da propriedade. Enquanto o direito de propriedade for o fundamento do edifício social, a classe mais numerosa e mais estimável não terá por quinhão senão miséria, tormentos e desesperos.” (MORUS, 1516, p.71)
Foi assim que Thomas Morus, no século XVI, em pleno Renascimento, pintou com palavras o quadro da sociedade perfeita. Morus, cumprindo um papel de ensaísta político-social, esquematizou uma sociedade ideal, sonhada e formalizada nas páginas de um livro que infelizmente continua sendo, para tantas pessoas neste planeta, tão atual como o foi quase cinco séculos atrás.
2 - A utopia hoje
Do século XVI até hoje, a utopia foi vivida e alimentada de todas as formas nos diferentes pontos do planeta. A história registra os vários movimentos e modelos de sociedade e de Estado que povos de todo o mundo criaram, viveram, buscaram. Desde a época de Morus até agora a humanidade tem vivido ou assistido a guerras e conflitos diversos a favor ou contra as variadas formas de política e economia que foram surgindo ao longo dos séculos. Tudo em nome de anseios e desejos de bem estar comum ou individual, conforme a utopia de cada um, de cada nação ou de cada governante em nome de sua nação.
Agora passados esses cinco séculos de busca por um lugar ideal, por um modelo perfeito de política e economia, há quem acredite havê-lo encontrado, e há quem pensa seguir buscando-o. Há ainda aqueles que chegaram a pensar que já haviam conseguido alcançar essa utopia, tendo realizado esses anseios de bem estar comum.
O ensaísta estadunidense Francis Fukuyama, por exemplo, está entre os que chegaram a acreditar no fim de uma história de buscas, de uma utopia que parece ter nascido junto com a humanidade, e que na sua opinião, vinte séculos seriam suficientes para realizá-la.
Fukuyama publicou tais pensamentos em Washington, em 1989, através do seu ensaio: The end
of History? Este ensaio constitui uma das versões do “fim da história”, que hoje são contestadas pelo próprio Fukuyama em um novo ensaio onde ele já não demonstra tanta certeza de haver chegado ao topo das realizações dos anseios humanos.
Para Fukuyama, na análise do argentino Eduardo Fracchia, a democracia liberal vivida hoje pelos Estados Unidos e outras nações do Globo é o modelo de política econômica que veio como superador de outros modelos que não possuem o mesmo poder totalizante. Assim ele considera que a vitória do capitalismo sobre o comunismo representa também a superação da monarquia e do fascismo. Uma superação que deve ser entendida não como mais uma entre várias, mas sim como a última, a definitiva, a ideal; o ponto mais alto da evolução ideológica da humanidade, que em conjunto, chega ao “fim da história”.
Esse fim de história, conceito tomado de Hegel, não se refere ao término dos acontecimentos históricos, mas ao fato de se haver chegado a uma forma institucional de governo que satisfaz os desejos mais profundos do ser humano, como explica Fracchia.
Muitas críticas já foram feitas à teoria de Fukuyama, sobre o fim da história e uma delas diz que
ele ignorou a persistência de desigualdade e miséria dentro das próprias sociedades capitalistas avançadas. Para Fukuyama, a pobreza é um vestígio de tempos passados que está sujeito a um aperfeiçoamento de atitudes, como se esta fosse um defeito ou um desvio de caráter e não uma questão social. Sobre a guerra ele argumenta que é um mau a ser superado, e que vem diminuindo à medida em que os Estados Unidos se aproximam de sua norma racional. O seu conceito não supunha, é bem verdade, a inexistência de todos os conflitos sociais ou a solução de todos os problemas institucionais. O que ele afirmava era que o capitalismo liberal é o “nec plus ultra” da vida política e econômica na Terra. O fim da história que ele quis mostrar, não era a chegada de um sistema perfeito, mas a eliminação de quaisquer alternativas melhores. Nesse caso, ele nos levou a pensar através deste seu ensaio, que a utopia acabou, ou melhor, que se realizou. Aquela utopia pensada e traduzida dos desejos da humanidade no século XVI, por Morus, chegou a sua totalidade.
Para a Drª Marcia Paraquett (pesquisadora e professora da UFF) Fukuyama tem um discurso arrogante e fala baseado no poder econômico dos Estados Unidos e em suas teorias, que estão caracterizadas pela prepotência da perfeição e em nada se prestam à realidade latino-americana. E ainda segundo Marcia Paraquett, se Fukuyama e outros, como o francês Baudrillard que também acredita no “fim da história”, pudessem ver e sentir um pouquinho de nossa realidade, certamente mudariam seus discursos e, talvez se mostrassem surpresos ao saberem que por aqui o melhor ainda está por começar. Segundo ela, ou acreditamos nisso ou abandonamos o projeto de construção de nosso continente. Pois, para ela a nossa história mal começou e precisamos ser protagonistas, agentes modificadores dessa História. E isso é utopia! Uma utopia que acredita sermos capazes de reverter o quadro de corrupção, de injustiça, de autoritarismo, de desigualdade social e de violência urbana que estamos vivendo.
Segundo outros comentários de quem hoje analisa a utopia desde Thomas Morus, imensa é a relação das manifestações literárias ou não, sobre a utopia. São manifestações que já aparecem nos relatos da Bíblia e jogam com a esperança da Terra Prometida e dos paraísos celestes, passando pelos contos infantis tradicionais que sempre falam de um reino distante onde os personagens terminam sendo felizes para sempre. Tais manifestações se apresentam neste século como projetos utópicos modernistas e pós-modernistas que valorizam as ações sociais e políticas, constituindo uma vertente utópico-revolucionária, voltada para uma mudança social concreta e transformadora.
Sendo assim, o sujeito utópico de hoje se empenha em atingir a plenitude humana por via da ação política, já que atualmente para a maioria dos que se preocupam com o assunto, a utopia não é considerada somente um sonho, mas uma verdadeira tomada de consciência diante das problemáticas político-sociais.
O que é importante, diante de tudo isso, é que tanto na fantasia como na prática política, a utopia ajuda o homem a sobreviver, levando-o a criar novos mundos, reais ou imaginários, que o projetam rumo a um futuro certo, um futuro promissor em direção ao qual toda a humanidade sempre esteve voltada.
3 -Conclusão
A utopia, que esteve presente desde sempre, de uma maneira ou de outra, no pensamento de todos os povos, em todas as épocas, representa uma busca que o pesquisador e professor paulista Sergio R. de Almeida analisa como “negação de uma realidade medíocre e sufocante”. Na Idade Média essa busca se intensifica dado a uma realidade de fome, doenças, trabalho duro e injustiças sociais de todo tipo que faz com que o homem medieval idealize lugares, ilhas, paraísos terrestres que constituem espaços sem limites definidos e sem localização exata. Mas após o século XVIII a utopia ganha suporte político e se projeta nos tempos modernos com mais força, dando margem a uma nova leitura e interpretação. A utopia hoje não é mais a denominação de uma ilha distante e imaginária, ou seja, um “não lugar”, mas sim, a concretização através das lutas e reivindicações do mundo atual.
Vocês podem baixar o livro completo no
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