Aquilo que chamo de leitura crítica

Ler nem sempre é a melhor atividade para crianças e adolescentes. Ao longo da história, criou-se a ideia de que ler era sempre fantástico e, com isso, foi disseminada a ideia de que, aquele que não lê é um ignorante (no sentido específico da referência àquele que escolhe ignorar alguma coisa; nesse caso, o conhecimento). Atualmente, muitos jovens não têm nem mesmo mais a cerimônia de mentir sobre a leitura. É comum ouvir falas sobre como ler é chato e desconectado do mundo que vivem. Acredito que isso ocorra por alguns motivos.

Em primeiro lugar, o mundo é bastante dinâmico e está cheio de possibilidades igualmente dinâmicas. A leitura é, quase sempre, um ato individual, ligada, sobretudo para aqueles que não são muito familiarizados com ela, a algo isolado e monótono. Só por conta disso, torna-se difícil competir com um tempo efêmero, rápido e de mudanças avassaladoras. Outro ponto é centrado na ideia de que, na escola, os livros são geralmente imposições. Assim, a leitura deve ser aquela pré-determinada a partir de um interesse pedagógico e de uma planejamento; nunca é voluntário. Assistir a um filme obrigado é ruim e não seria diferente com um livro.

Mas é somente a leitura que pode criar mundos, experiências, formas e métodos de conhecimento. Portanto, gostando ou não, ela é fundamental às pessoas. Desnecessário dizer que é a partir da leitura, em uma perspectiva histórica, que começamos um processo revolucionário de domínio do mundo.
Ler – bem – depende, fundamentalmente, de atenção, de criticidade e de reflexão sobre o que se lê. E é evidente que você conseguirá isso de modo muito mais fácil se fizer a partir de uma escolha livre e individual. Em outras palavras, lemos melhor aquilo que queremos e temos interesse em ler. Mas e quando precisaremos, sobretudo na escola, ler sobre o que não queremos? Nesse caso será necessário buscar forças em algum lugar e fazer com que o momento tenha sentido. Pode esquecer: se você não se convencer da necessidade de ler certo texto, pode ficar horas passando os olhos sobre as sílabas e elas não farão nenhum sentido. Certamente você se pegará pensando em outras coisas ao longo dos trechos.
Na escola, a leitura precisa ser crítica e reflexiva. E para que isso ocorra, sugiro alguns pontos para testar se funcionarão com você:

1- Nunca chegue perto de um livro sem uma possibilidade de consulta a um dicionário. Você não pode ousar ler algo com palavras desconhecidas e deixar para lá. Precisa saber o que é e o que significa. Lembre-se que isso vai te ajudar também na formação de vocabulário e na construção de textos. Há vários dicionários on line e gratuitos disponíveis. Indico este, o Priberan: https://dicionario.priberam.org/

2- Sempre tenha à mão um lápis ou canetas coloridas. Importante fazer anotações sobre o que se lê e destacar, ao seu modo, aquilo que é mais importante. Você, na verdade, estará fazendo um fichamento sobre o conteúdo que lê, e isso será importante no futuro, caso precise voltar ao texto de modo mais rápido.

3- Pergunte-se sempre se você concorda com o que lê e se não tem opinião divergente do autor. Lembre-se que duvidar das coisas é importante para o caminhar do conhecimento.

4- Produza resumos com as suas palavras, exercitando a sua capacidade de compreensão e de memória. Faça assim: leia um trecho e depois feche o livro, partindo para a escrita daquilo que você compreendeu.

A leitura crítica e reflexiva deve levar tudo isso em consideração. Assim, da próxima vez que for ler algo, experimente perder mais tempo com o texto, ler mais de uma vez um mesmo parágrafo. O dinamismo na leitura é algo para gente atolada de coisas para fazer – e acho que ainda não é o seu caso nas escolas.

Por fim, busque o prazer da leitura. Construa os seus cenários e as suas formulações. Coloque-se nos eventos que lê e desfrute do conhecer porque é muito bom.

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