[CEC Rep] 1º ano ProEMI Os "pré-socráticos"

ATENÇÃO: Este texto foi entregue em folha na sala. Se você não recebeu, solicite um cópia ao professor.
AULAS PROGRAMADAS PARA O DIA 15 e 16/08 PARA A TURMA 1004

Os "Pré-Socráticos" (ou "Os Originários")

A ideia que o prefixo “pré” nos traz é, quase sempre incorreta no campo das Ciências Humanas. Em História, por exemplo, utilizamos o termo “Pré-História” para fazer referência às sociedades sem escrita, mas não sem História. Em Filosofia, “Pré-Socráticos” pode induzir não só à ideia de um olhar sobre os filósofos anteriores a Sócrates, mas também a pouca importância que eles pretensamente tinham. Assim, valoriza-se a experiência e a complexidade de raciocínio dos filósofos vindo depois de Sócrates e descaracterizam-se os anteriores. Para tentar evitar esse tipo de “injustiça”, o Prof. CESAR LAPA (também do Colégio Canadá), sugere o termo “originários” para designar os filósofos que contribuíram com a formulação do pensamento sistematizado antes e Sócrates.

A apostila a seguir é uma síntese adaptada por mim da História do Pensamento Filosófico. Em essencial, é importante que se compreenda o papel da Filosofia na intenção e na motivação para se chegar a determinado conhecimento de forma sistematizada e metodológica. Originalmente e na íntegra, o texto foi publicado no site Universo Racionalista (acesso em 25 mai. 2016), por Kherian Gracher.

“Não se pode pensar em nenhum homem que não seja também filósofo, que não pense; precisamente porque o pensar é próprio do homem como tal” GRAMSCI

Além do trecho acima, do Filósofo italiano Antonio GRAMSCI, ARISTÓTELES (384-322 a. C.) também afirmava que “os homens começaram a filosofia pelo espanto”. O significado da palavra “espanto” para o Filósofo era outro: significava dúvida, inquietação, desconforto, ou seja, para ele, os homens começaram a se sentir “desconforto” por não conseguirem estruturar explicações para determinadas questões. Quando surgiu essa vontade de colocar tudo às claras, nascia também as bases do pensamento filosófico.

Repare que não estamos falando simplesmente da Filosofia Grega. Falamos da ideia de que o homem, de qualquer lugar, buscou explicações para determinados problemas ou situações. Muito se tem falado que a Filosofia é grega. O problema é que com essa limitação geográfica, deixamos de lado contribuições importantes simplesmente porque não as conhecemos tão profundamente com as gregas. É importante ter em mente que o homem, independentemente do seu espaço físico, se inquietou e produziu conhecimento. O que ocorreu com a Grécia foi uma sobreposição dos seus valores artísticos e culturais sobre os demais povos.

A maior tarefa da Filosofia é o problematizar. Assim, novamente chegamos à ideia de ARISTÒTELES. Problematizar é de certa forma o espanto do questionamento. Antigamente, por exemplo, os homens não tinham os instrumentos que dispomos hoje, mas as perguntas aconteciam, mesmo que as respostas não pudessem, naquele momento, ser encontradas. Atenção para um primeiro ponto: A pergunta é mais importante que a resposta em si, uma vez que ela um passo a mais rumo ao conhecimento.


Do mito ao logos

Assim que os Filósofos iniciaram seus questionamentos e, por consequência, a busca por novas respostas, deixaram de lado os mitos, ou seja, as explicações não fundadas na razão. Um importante pensador nascido no final do século XVIII chamado HEGEL (1770-1831), afirmava que “os gregos despertaram de um sono mitológico, de uma era onde não havia tanta razão”. Para Hegel, então, a Filosofia era uma negação à mitologia.

HEGEL não foi o único a entrar nessa discussão. Outros autores pensam justamente o contrário. É o caso, por exemplo, de CORNFORD que, contrariamente, pregava que os mitos eram sim racionais e a base de toda a Filosofia.

Desnecessário tomar lado nessa discussão, mas fundamental perceber que os conceitos e ensinamentos mesmo em oposição têm valor.

Os Originários"


Para ARISTÓTELES, Filósofo pós-socrático que tinha interesse em conhecer a realidade dos Filósofos anteriores a SÓCRATES, os primeiros Filósofos tentavam analisar a natureza de modo a ordená-la em princípios básicos. Esses princípios, por sua vez, recorriam a quatro causas, são elas: Causa material, Causa eficiente, Causa formal e Causa final. Não é difícil entender cada uma delas. A Causa material seria a matéria em si; a Causa eficiente a potencialidade para se chegar a determinado ponto; Causa formal seria a forma como se chegaria à objetividade de determinada coisa; e, por fim, a Causa final, seria o motivo da existência de determinada coisa.

ASITÓTELES percebeu que Os Originários analisam a natureza de modo a tentar organizá-la em princípios básicos. Por muitas vezes, esses Filósofos eram tratados como monistas porque tentavam isolar determinados elementos em busca de respostas. Vejamos alguns deles:

Tales (cerca de 625-545 a.C.)


A água é o princípio único de tudo.
TALES de Mileto tem grande importância para a Filosofia porque foi um dos primeiros a elaborar, entre outras coisas, cálculos complexos como, por exemplo, medir a altura das pirâmides através das suas sombras. TALES adotou a água como princípio do universo. De acordo com ele a terra repousava sobre a água, tal como um pedaço de madeira flutuando na correnteza.

ARISTÓTELES, ao tentar explicar TALES, supôs que a ideia de que tudo vinha da água era em virtude da necessidade dos seres vivos para com a água.

Pitágoras

Tanto Pitágoras de Samos (c. 570-496 a.C.) como Tales dividiram as honras de introduzir a filosofia na Grécia antiga. Além de filósofo, Pitágoras também foi um exímio matemático. Você deve lembrar do Teorema de Pitágoras. Na cidade de Crotona, Pitágoras fundou uma comunidade semi-religiosa, que durou até 450 a.C., ou seja, posterior a sua morte. É atribuído a ele a invenção do termo “filósofo”. Conta-se que certa vez, em vez de se declarar como sábio (sophos), Pitágoras teria dito com modéstia que era apenas um amante da filosofia (philosophos).

Heráclito

Heráclito de Éfeso foi um dos filósofos que mais obras chegaram até a posteridade. No entanto, na própria antiguidade ele era apelidado de “o Enigmático” e “Heráclito, o Obscuro”, que dá bons indícios sobre a dificuldade de entendermos sua obra.

Tal como Xenófanes, Heráclito também acreditava que todo dia um novo Sol aparecia no céu, e como Anaximandro ele afirmava que o Sol era constrangido por um princípio cósmico. Essas teorias se desenvolveram com Heráclito para uma doutrina do fluxo universal: Tudo, afirmava ele, está em movimento, nada permanece imóvel; o cosmos é como uma correnteza. Como diz o famoso exemplo que visa representar a teoria heraclítica, se entrarmos duas vezes em um mesmo rio, não poderemos pôr nossos pés duas vezes na mesma água, dado que a água não será a mesma nesses dois momentos. Mas, além disso, não poderíamos pisar duas vezes no mesmo rio. Essa segunda passagem não parece fazer sentido, mas isso se entendermos que o que identifica um rio é seu curso. Caso entendamos que um rio é identificado pelo seu conteúdo, então o rio estaria em um constante movimento. Esse exemplo é uma alegoria para afirmar que a realidade é uma constante mudança.

Qual seria então a causa material da realidade para Heráclito? O fogo, que seria uma corrente fluida, um modelo de mudança constante, consumindo-se e revigorando-se. O que governa esse mundo em constante mudança, ou seja, a causa eficiente? O Logos, a razão e ordem necessária para manter o equilíbrio em um mundo de mudanças. O cosmos seria, então, uma constante mudança, resultado de uma luta entre forças naturais opostas, estruturados pelo Logos.

Por fim…

Os filósofos pré-socráticos podem nos parecer obscuros e místicos aos nossos olhos, mas não devemos retirar a importância e contribuição que eles tiveram em todo o desenvolvimento do pensamento humano. Com eles tivemos a gênese não só da filosofia, mas de várias ciências. Cada um à sua maneira eles tentaram, através da razão, explicar como se comportava o universo, o cosmos.
Segue abaixo um pequeno resumo com as ideias gerais:

Tales: Tudo é água;
Anaximandro: Tudo é matéria eterna (apeíron);
Anaxímenes: Tudo é ar;
Pitágoras: Tudo é uma harmonia numérica;
Xenófanes: Tudo é terra;
Heráclito: Tudo é fogo, é movimento;
Parmênides: Tudo é um Ser indivisível e imóvel;
Empédocles: Tudo é porção de água, ar, fogo e terra,
reunidos conforme o Amor e o Ódio;
Anaxágoras: Tudo foi e é criado pela ação da Mente
sobre os elementos fundamentais do cosmos
Atomismo: Tudo é matéria indivisível [átomos].



Obviamente que, para exagerar no número de folhas, procurei reduzir ao máximo ao texto, deixando de fora alguns dos pensadores. Reforço, então, a indicação da página com o texto completo: http://www.universoracionalista.org/pre-socraticos/. Acesse, se quiser.

ATIVIDADES

1. “A verdadeira Filosofia consiste em reaprender a ver o mundo”. (Merleau-Ponty, filósofo francês). Após ler o pensamento de Merleau-Ponty, explique por que a Filosofia é diferente das outras ciências.

2. Em todo o texto (e em todas as aulas) é perceptível a ideia de que a dúvida e a problematização são pontos essenciais para a Filosofia. Explique por que.

3. Já na primeira citação desta apostila damos de cara com o seguinte trecho de Gramsci: “Não se pode pensar em nenhum homem que não seja também filósofo, que não pense; precisamente porque o pensar é próprio do homem como tal” Explique por que, geralmente, a Filosofia é vista como algo acessível apenas para poucos homens. Descreva também suas experiências (atual ou anteriores, se existirem) com esta área do conhecimento.

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